terça-feira, 16 de novembro de 2010

O PRIMEIRO E O ÚLTIMO.

      Naquele dia, ali naquela rua, na menor calçada que já encontrei a gente se beijou pela primeira vez. Esse sim foi um daqueles beijos de cinema. Foi amor, porque a paixão já existia. Passamos por altos e baixos durante tudo que tivemos, voamos juntos, voamos com saudades, atravessamos o mundo, saudade veio, saudade matou, saudade nos encontrou. Vieram canadenses, paraguaios, mexicanos, peruanos, alguns brasileiros, do outro lado do Brasil, depois eles se foram, uns antes, outros depois... Uns ficaram, com um pedacinho de mim. Foram momentos jamais esquecidos, mas foram, já passaram, mas espera aí... Restam-me as fotos, os objetos trocados, os perfumes grudados, as línguas faladas (e também as esnobadas), as histórias conhecidas, os lugares visitados, e o mais importante - os Amigos conquistados. Entre muitas outras coisas.
          Foram primeiro apenas seis meses, depois um ano, e depois mais um ano. Dois anos e seis meses, tempo bastante não? Muito difícil também. Mas o que aprendi ninguém me tira.
         A Saudade passou a ser como uma dor de cabeça, sim, eu tomava um "remédio" e ela passava, mas depois vinha com mais força, e o "remédio" passou a não fazer efeito, aumentei a dose, e foi como um vício, certa quantidade já não adiantava. Até que um dia eu parei com tudo, tudo mesmo, e semana depois já não me lembrava do que sentia saudade, o que me fazia doer...
         Chegou o dia em que aquele era o meu dia, sim, o dia de voltar pra casa, a minha casa. Na noite anterior sempre tem a festa de despedida, onde é naquele momento que eu não sabia se queria voltar pra minha família biológica, ou ficar com a minha outra família, a família de um ano. E aquela sensação doía tanto, mas tanto, mas doía mesmo, era como arrancar, sem anestesia nenhuma um pedaço de mim, eu senti a queimação, depois não senti mais nada, e depois começou a latejar. E veio medo, e a agonia de deixar para trás aquelas pessoas com quem aprendi tantas coisas, aquelas pessoas que me seguraram nas minhas quedas, aquelas únicas pessoas que viraram pai, mãe, irmão, tia, tio, filho...
         Eu sai chorando, cheguei chorando por apenas lembrar que ao pousar iria encontrar com o verdadeiro pai, a verdadeira mãe, a tia, o tio, o irmão, aqueles o qual me deram essa oportunidade de ter essa outra família e também aquela pessoa no qual me lembrei que era dela que se sentia saudade. Sentia? Não sinto mais? Algum motivo especial? Talvez.
         Amei, amo... Mas nós amantes e amados temos aquele defeito de não querer nunca nos distanciar, pode ser chamado de egoísmo. Erro grande. Amor que é amor é amor de pai, amor de mãe, que mesmo com tanto amor nos liberta para o mundo para irmos atrás do que gostamos.
         Cheguei, e aquele beijo que me fez amar (?) eu já sentia o gosto, mas eu sabia que viria o último. E foi exatamente assim, os dias que nos vimos entre esses dois anos e meio não foi o suficiente, mas então porque não me acompanhou? Saudades eu senti demais, hoje ainda sinto, talvez nunca passe, mas quem sabe não nos esbarramos novamente? Poderia ser na mesma calçada onde nos beijamos pela a primeira vez, mas não para nos beijarmos novamente, isso não.
         E foi ali naquela lanchonete, que demos o último beijo, tinha o mesmo sabor do primeiro.
         Quantas coisas podem acontecer entre o primeiro e último, não?
       Mas acreditem, vão atrás de aventuras hoje, pois amanhã um compromisso mais sério com alguém pode não ser apenas uma opção, e sim uma necessidade.

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